O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou em 10 de agosto, através do Levantamento Sistemático de Produção Agrícola (LSPA), as estimativas de produção de soja para 2023. O montante esperado de 148,8 milhões de toneladas representa um crescimento de 24% quando comparamos com os números de 2022.
De acordo com Paulo Vitor Rodrigues, responsável pela vertical de agronegócios, alimentos e bebidas da Aon, é possível observar que a comercialização antecipada da safra 2022/2023 está atrasada em relação aos anos anteriores, fazendo com que haja uma maior disponibilidade de grãos no mercado. Os números mostram que até abril deste ano, apenas 30% do volume de grãos foram negociados, enquanto historicamente temos uma média de 45% para o mesmo período.
Segundo Rodrigues, esse aumento de produtividade e disponibilidade do grão, adicionados a uma valorização do Real frente ao Dólar, impactam diretamente no preço da soja, fazendo com que haja uma queda no preço da commodity.
Material produzido por Franquiéle Bonilha do Portal Agrolink com dados da Conab.
Nesse cenário, somado ao aumento nos custos dos insumos, podemos dizer que o produtor está enfrentando uma tempestade perfeita, onde uma possível alternativa é segurar a venda dos grãos, reduzindo a oferta em uma tentativa de estabilizar os preços aos patamares anteriores, afirmou Rodrigues.
Sobre o movimento dos custos de fertilizante, o Head de Fertilizantes da Produce, Osmar Cardoso Junior analisa, “os preços de fertilizantes são regidos pelas regras econômicas como qualquer outro produto, e respondem a oscilações de preços sempre considerando as variáveis de oferta e demanda, cenários políticos, climáticos e até sanitários, como foi o caso da COVID em 20/21. O que aconteceu com os fertilizantes foi que uma série acontecimentos em conjunto forçaram essa alta de preços: o aumento do gás-natural no hemisfério norte como um todo (principalmente Rússia), o fechamento de algumas plantas de produção e a consequente diminuição da produção desses insumos, visando a utilização para uso energético ou aquecimento”.
Material produzido por Franquiéle Bonilha do Portal Agrolink com dados da Conab.
Para o Head de Fertilizantes da Produce os fenômenos climáticos e o conflito entre Rússia e Ucrânia também afetaram os preços. “Fenômenos climáticos, como o furacão Ida nos USA também ocasionou o fechamento de algumas plantas. No cenário geopolítico não podemos esquecer da Guerra entre Rússia e Ucrânia, que afetou o fornecimento e a procura por potássio, e fez o preço disparar e chegar nos maiores preços históricos no início de 2022. Por ser uma commodity, todos esses fatores influenciam nos preços, principalmente por alterar a demanda. Durante esse período de alta observado no gráfico, também devemos atentar para excelente relação de troca que estava vigente nesse período, o preço dos grãos aumentaram e a “vontade” dos produtores de investirem mais para aproveitar essa vantagem também fez a demanda aumentar, sustentando os preços nesses valores, até que isso mudou”, afirmou Osmar.
A próxima safra ainda é um cenário incerto. “É muito difícil fazer uma previsão concreta sobre isso, pois como dito anteriormente não é apenas um fator que determina essa relação de oferta e demanda. Temos uma guerra ainda em curso, o que pode diminuir a oferta de alguns produtos, mas por outro lado temos uma relação de troca mais desfavorável ao produtor rural nesse momento, muito em decorrência dos preços de grãos que caíram drasticamente, e faz com que ele seja mais conservador no investimento”, comentou Osmar Cardoso.
Ainda sobre o movimento dos preços, Osmar continua, “O importante é estar atento aos sinais e oscilações de preços, determinar uma boa média na relação de troca e fazer o que sabemos de melhor no Brasil: produzir com eficiência e sustentabilidade, neste ponto damos um show ao mundo todo”, finalizou Osmar.
De acordo com Andreto Ceolin, diretor comercial e de marketing do Wirstchat polímeros do Brasil, o cenário não deve ser surpreendente. Segundo o diretor comercial, mesmo com um cenário de guerra entre Rússia e Ucrânia, o mundo continua trazendo cloreto de potássio sem problemas, e atualmente existem faltas pontuais de fósforo. “Não devemos ter grandes surpresas, não, e com os preços que estão rodando hoje, eu acho que tem muito a ver com algumas exceções, alguns momentos, mas devem correr muito parecido com o que estão agora”, completou Ceolin.