Araras-azuis foram encontradas mortas por produtores rurais de Mato Grosso do Sul. Após o incidente, pesquisadores iniciaram análises nos corpos dos animais e encontraram a presença de agrotóxico nos organismos das aves. Outros cientistas também estão preocupados com outro animal, a anta.
Os pesquisadores publicaram o resultada da análise na revista “Scientific Reports”, um braço da conceituado grupo Nature, confirmando que a morte dos animais foi ocasionada por um intoxicação por organofosforado, um tipo de pesticida.
As aves foram analisada no Centro de Assistência Toxicológica, em São Paulo, após passarem por exames necroscópicos em Mato Grosso do Sul.
O Instituto Arara Azul, é uma organização-membro do Observatorio Pantanal , atua há mais de 30 anos no Pantanal. Mas depende de parcerias para realizar o trabalho de análise da presença de substâncias tóxicas em aves vivas.
ANTAS
Outro grupo, o Instituto de Pesquisas Ecológica, coletou amostras de mais de 100 antas mortas, atropeladas em rodovias e também de animais vivos capturados em campo. O estudo começou em 2016, em regiões cercadas por lavouras e pastagens, e constatou que, no Cerrado, a Anta está perdendo a luta para os agrotóxicos.
Os especialistas explicam que as exposições das antas aos agrotóxicos são feitas no próprio habitat natural, seja pela ingestão de plantas em contato com o solo ou água contaminada. “A análise estomacal demonstra exposição pela ingestão de plantas nativas contaminadas e de itens das culturas agrícolas eventualmente utilizados como recurso alimentar”, descreveram os cientistas do Instituto de Pesquisas Ecológica em um artigo.
Os cientistas identificaram que antas do Cerrado vivem até dez anos menos que em outros biomas e encontram alguns animais com deformações, como dedos a mais nas patas. De cada 10 amostras, quatro haviam altas concentrações de diferentes tóxicos.
“Quase metade de tudo o que a gente coletou pra amostra foi positivo pra um ou mais agroquímico. a gente tem caso de três ou quatro. O que é de fato preocupante é que a maioria desses agroquímicos são altamente tóxicos pro meio ambiente, altamente tóxicos pros seres humanos e pros animais, certamente”, enfatizou a coordenadora de pesquisa do Instituto de Pesquisas Ecológicas, Patrícia Médice.