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A garantia de que o procurador de Justiça Sérgio Harfouche (Avante) poderá concorrer tranquilamente para o Senado fez com que a deputada federal Rose Modesto e seu partido, o União Brasil, fechassem as portas para que o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandettta concorresse a senador na chapa em que ela deverá ser candidata ao governo de Mato Grosso do Sul.

A aposentadoria de Harfouche do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) trouxe a garantia necessária para que ele possa concorrer sem desafiar a jurisprudência da Justiça Eleitoral, que não permite que membros do Ministério Publico e da magistratura concorram a cargos eletivos sem que deixem a instituição ou se aposentem. 

Por causa dessa jurisprudência, Harfouche, segundo mais votado nas eleições para prefeito de Campo Grande em 2020, teve sua candidatura impugnada.  

Harfouche é evangélico, como Rose Modesto, e ligado ao bolsonarismo, ainda que indiretamente. Já Mandetta é um ex-bolsonarista. 

Ele deixou o comando do Ministério da Saúde no início da pandemia atirando no presidente Jair Bolsonaro (PL), por não concordar com as interferências do Planalto na política de combate ao coronavírus no País. Mandetta pedia para a população “ficar em casa” e Bolsonaro, para “sair de casa”.

Com o seu plano de concorrer ao Senado enterrado pelo partido, resta a Mandetta concordar em disputar uma vaga de deputado federal. Mas o ex-ministro não pretende jogar a toalha na briga pela sua pré-candidatura ao Senado. 

Ele espera contar com o apoio do ex-presidente nacional do DEM e hoje secretário-geral do União Brasil, ACM Neto, para pedir a intervenção do dirigente supremo do partido, deputado federal e pré-candidato a presidente da República Luciano Bivar, para reabrir as portas em Mato Grosso do Sul. Ele defende a ideia de ser o melhor nome para disputar a vaga de senador.

Mas a presidente regional do União Brasil, senadora Soraya Thronicke, defende a aliança com o Avante para ter Harfouche como pré-candidato ao Senado, isolando, assim, Mandetta dentro do partido. Ela não tem nenhuma disposição de dar legenda ao ex-ministro para disputar ao Senado.

PERDEU ESPAÇO  

O ex-ministro da Saúde deixou o governo com alta popularidade e apontado como principal nome do DEM para concorrer à Presidência da República pela terceira via. 

No entanto, sua pré-candidatura não decolou, e a sua situação ficou mais complicada com a fusão do DEM com o PSL para a criação do União Brasil. Ele acabou perdendo espaço no novo partido no Estado, ocupando a vaga sem nenhum poder de atuação de segundo vice-presidente regional.  

A senadora Soraya Thronicke, ligada a Bivar, assumiu o comando do partido. O segundo cargo mais importante da legenda, a secretaria-geral, ficou com o vice-governador Murilo Zauith, que era do DEM como Mandetta.

PARCEIROS

Harfouche terá como primeiro suplente na chapa o produtor rural Alberto Schlatter, do Podemos. A proposta dessa parceria é atrair apoio do setor produtivo à pré-candidatura de Harfouche para fazer frente à ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina (PP), que deve concorrer ao Senado na aliança com o PSDB do pré-candidato a governador Eduardo Riedel, outro nome do agronegócio. (Com Adilson Trindade)