Fusão entre Azul e Gol pode afetar passagens aéreas

Negócio ainda precisa ser formalizado pelas empresas e aprovado pelos órgãos de regulação. Especialistas apontam barreiras à entrada de novas aéreas no Brasil, caso fusão seja concluída.

A possível fusão entre as companhias aéreas Azul e Gol pode colocar 60% do mercado nacional de aviação civil nas mãos de um único grupo econômico e aumentar o preço das passagens aéreas, segundo especialistas.

A avaliação dos economistas é que a concentração da oferta de passagens em um único grupo econômico dá a possibilidade de aumentar o valor dos bilhetes.

“Os incentivos de mercado são muito claros. Quando não tem concorrência, a tendência é o preço subir, é que algumas estratégias que são implementadas –e aí não é só preço– não agradem ao consumidor, não agradem às autoridades. E aí essa é uma preocupação”, afirmou o professor de economia do Transporte Aéreo do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Alessandro Oliveira.

Na última quarta-feira (15), a Azul e a controladora da Gol, a Abra, anunciaram a celebração de um “memorando de entendimento”, sinalizando que pretendem realizar uma fusão.

Para o negócio ser concluído, falta:

  • celebrar os acordos definitivos;
  • obter aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac);
  • concluir o plano de recuperação judicial da Gol nos Estados Unidos.

O que disseram as empresas

GOL – “O MoU [Memorando de Entendimento] representa uma fase inicial de um processo de tratativas entre Abra e Azul para explorar a viabilidade de uma possível negociação, por este motivo detalhes ainda serão discutidos e submetidos às autoridades competentes.”

AZUL – Em entrevista ao g1, o CEO da Azul, John Rodgerson, disse que fusão vai aumentar a conectividade no país, reduzir custos e, por consequência, preço das passagens.

“Há 100 aeroportos no Brasil que só a Azul opera. Mas tive que fechar algumas dessas cidade porque não tinha demanda suficiente e o que vai trazer benefício para o consumidor é mais cidades atendidas e mais conectividade, então isso que estamos prevendo com essa fusão”, declarou.

Questionado sobre as “vagas” ou “slots” nos aeroportos, o executivo afirma que o único aeroporto que não suporta novas companhia é Congonhas, em São Paulo.

“O que eu diria é que tem um aeroporto nesse país que tem problema de slot e é Congonhas. E nós temos que entender que o Brasil é muito maior que Congonhas”, disse.