A 15ª edição da Caminhada da Paz, que desde 2007 integra o calendário de aniversário de Campo Grande, aconteceu nesta sexta-feira (9), nas imediações da área de abrangência do Cras Dom Antônio. O O objetivo é sensibilizar os moradores e famílias dos bairros da região sobre a importância da transformação de valores de uma cultura de violência para uma cultura de pacificação.
Promovida pela Prefeitura de Campo Grande e organizada pela Secretaria Municipal de Assistência Social (SAS), o evento teve início no Cras Dom Antônio e contou com um público de pelo menos uma mil pessoas, segundo estimativa da Guarda Civil Metropolitana. Participaram entidades governamentais e não-governamentais, além de estudantes, famílias e usuários dos Cras e Creas.
A prefeita Adriane Lopes participou do evento e falou sobre a necessidade de trabalhar a cultura de paz desde a infância. “Mais uma vez realizamos esse evento para trazermos uma consciência sobre a importância da paz na criação de nossas crianças e jovens. Vamos todos juntos trabalhar pela nossa Capital que tanto amamos e declarar a paz nesse território”, afirmou.
Para o secretário municipal de Assistência Social, José Mário Antunes, é fundamental que as famílias cultivem, na sua rotina, um diálogo pacificador. “Precisamos ser parceiros e propagar a paz diariamente. Em nossas unidades espalhadas pelas sete regiões de Campo Grande é realizado um trabalho muito importante dentro do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos por meio de atividades, palestras e debates para que as pessoas saibam viver em comunidade”, destacou.
A superintendente de Proteção Social Básica da SAS, Inês Mongenot, disse que refletir sobre o tema faz parte da elaboração de uma estratégia de Assistência Social. “Há 15 anos levamos essa mensagem para o nosso público, por isso investimos em ações dessa natureza”, disse.
A caminhada teve um significado especial para a servidora pública Cléa Lúcia Braga Larsen, que era coordenadora do Cras Dom Antônio na época da primeira edição do evento. Emocionada com o convite, ela completou 72 anos nesta sexta-feira caminhando ao lado de jovens que acolhia na unidade.
Feliz em comemorar o aniversário na caminhada, ela lembrou do trabalho que desenvolvia com os jovens da região e das vidas que ajudou a transformar. “Na época tínhamos muitos problemas com alguns menores da região, o que resultou em um crime. Trabalhamos de branco durante um mês e decidimos realizar uma caminhada para reunir a comunidade. Tenho muito orgulho da importância que essa caminhada tem hoje e espero que perdure por muito anos e que as pessoas levem essa mensagem para suas casas”, ressaltou.
Preparação e trabalho contínuo
Faixas e cartazes produzidos durante as atividades socioeducativas nas unidades deram o tom da caminhada, que passou pelas principais ruas do bairro e uniu gerações. Com 81 anos e esbanjando disposição, a aposentada Amélia Coelho, percorreu o trajeto de dez quadras ao lado de amigos e elogiou o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos.
Ela contou que frequenta o Cras Dom Antônio há 14 anos e desde então sua vida se transformou. “Mudei para Campo Grande depois da morte do meu marido e participo de tudo que tem na unidade. Minha vida melhorou 100%. É muito importante essa caminhada porque precisamos falar com os jovens sobre paz para diminuir a violência”, frisou.
A estudante Juliana Arruda Santo, 12 anos, também frequenta o SCFV e gostou da experiência de participar pela primeira vez do evento. “Aprendo muito com as atividades do Cras. É um lugar onde ocupo meu tempo de forma positiva. Gostei muito de vir aqui hoje porque no nosso bairro precisa de ações assim”, comentou.
O enfrentamento à violência é um trabalho permanente, desenvolvido pelas equipes dos 21 Cras e unidades que integram a Rede de Assistência Social do município, por meio de ações e projetos que buscam envolver, além das crianças e idosos assistidos pelo Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, também os familiares e a comunidade.
Toda a organização, que resultou nos elementos que fizeram parte da ação, teve início há um mês, segundo o coordenador do Cras Rosa Adri, Gerson Hilário. Ele disse que as 60 crianças e 18 idosos que frequentam o Serviço de Convivência participaram de atividades socioeducativas para debater o tema e ajudaram a elaborar o material, produzido com base em recortes e colagens, que foi utilizado na caminhada. Para ele o propósito da ação ganhou uma amplitude nos últimos anos. “No início a caminhada tinha o propósito de diminuir os homicídios na região, porém hoje, estamos com uma nova proposta, falando também sobre violação de direitos de mulheres e crianças porque é importante abordar a paz em sua totalidade”, pontuou.
O evento contou ainda com a apresentação das bandas da Guarda Civil Metropolitana e do Instituto Mirim. E participaram também secretários da gestão, superintendentes e profissionais de unidades da SAS, escolas e EMEI’s da Rede Municipal de Educação, profissionais de unidades de saúde da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) e usuários dos Cras.
O encerramento foi marcado pela entrega de rosas brancas feitas por crianças do SCFV dos Cras participantes.