Durante o Carnaval, um grupo denominado Frente Nacional de Lutas Campo e Cidade (FNL) voltou a invadir terras pelo país, incluindo uma propriedade no município de Japorã, em Mato Grosso do Sul. Os invasores foram expulsos por fazendeiros e o conflito deu munição para a extrema-direita e deputados bolsonaristas atacarem o governo do presidente Lula (PT).
De acordo com a FNL, um grupo de bolsonaristas se organizou a partir de redes sociais para atacar a ocupação de terra, ocorrida no dia 18 de fevereiro. Com caminhonetes e armados, os fazendeiros teriam agredido fisicamente os invasores e incendiaram os barracos e imóveis da propriedade, acabando com o acampamento.
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A ação faz parte do que chamaram de “Carnaval Vermelho”. Uma série de ocupações foram iniciadas ao mesmo tempo, no sábado de comemorações do feriado, em mais de dez cidades brasileiras.
“O movimento reivindica terra, trabalho, moradia e educação, através da ocupação de terras que já foram reconhecidas como públicas pela Justiça, porém ainda permanecem abandonadas sem cumprir seu uso social”, diz a Frente Nacional de Lutas.
Em seu site oficial, a FNL informa que foi fundada em 2014. Define-se como uma “organização social e política” formada por trabalhadores do campo e da cidade, que funciona como uma “frente de coletivos” independente de governos, instituições e partidos políticos.
Com a eleição do presidente Lula, a expectativa para os próximos quatro anos é que haja avanço nas políticas públicas sociais e que os compromissos firmados no período eleitoral sejam cumpridos.
No entanto, as ocupações podem ter efeito contrário ao desejado, porque grupos que atacam a reforma agrária estão usando o sugestivo nome de “carnaval vermelho” para criticar movimentos de esquerda e o governo petista com discurso para criar medo diante das cenas de violência registradas e compartilhadas nas redes sociais.Vídeo com casa incendiada em propriedade de Japorã foi divulgado pela FNL.
“O movimento denominado pelos próprios criminosos de ‘carnaval vermelho’ levou o pânico às famílias dos produtores, que foram atingidas em sua honra e violentadas em seu direito de propriedade”, disse em nota o deputado federal Rodolfo Nogueira (PL-MS).
“O retorno do Partido dos Trabalhadores criou novamente um clima de insegurança, sobretudo com a indicação de uma ativista do movimento dos sem terra para o comando do INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, conforme noticiou a imprensa”, ataca o parlamentar.
Rodolfo, porém, usou uma informação equivocada. A dirigente estadual do MST Marina Ricardo Nunes Viana, antes cotada para o Incra, preferiu assumir cargo no Ministério do Desenvolvimento Agrário.
Com isso, a Superintendência do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em MS ficou com o ex-vereador de Ponta Porã Paulinho Roberto do PT. Ambos ainda aguardam suas nomeações pelo Governo Federal.
Outro deputado de Mato Grosso do Sul que aproveita as invasões para atacar o governo petista é Luiz Ovando (PP).
“A volta dos sem-terra era certa com a vitória de Lula e o “Carnaval vermelho” foi apenas o início. A invasão de áreas rurais por movimentos sem-terra é uma ação ilegal que deve ser combatida pelas autoridades competentes. Além disso, elas geram conflitos entre proprietários rurais e movimentos sem-terra, o que pode levar a episódios de violência e prejuízos financeiros”, afirmou Ovando.