A produção de açúcar do centro-sul do Brasil foi estimada nesta quarta-feira em 38,3 milhões de toneladas em 2023/24 (abril/março), com crescimento de 13,1% na comparação com a temporada anterior, estimou a consultoria Datagro, que projeta mais um ano de preços remuneradores, enquanto concorrentes do país amargam problemas climáticos e safras menores.
Esse aumento acontecerá na medida em que a safra de cana da principal região produtora do Brasil crescerá 6,9%, para 590 milhões de toneladas, e com usinas destinando mais matéria-prima para a fabricação do adoçante do que o visto no ciclo anterior, segundo o presidente da Datagro, Plinio Nastari.
O “mix” para açúcar foi estimado em 48% da cana processada no centro-sul, versus 45,6% na temporada anterior, com usinas sendo atraídas por uma melhor remuneração do adoçante em relação ao etanol.
“A mensagem principal é de que é uma safra grande, enquanto o mundo está sofrendo com quebra de safras, como acontece na Índia, Europa e outros, o Brasil está recuperando a produção. E teremos um ano de preços bons, de preços remuneradores”, disse Nastari durante o evento promovido pela Datagro em Ribeirão Preto e transmitido pela internet.
“Já estou na minha quadragésima terceira safra e não me recordo de nós termos tido cinco anos consecutivos de preços bons”, acrescentou.
O especialista citou prêmios do açúcar sobre os contratos futuros da bolsa ICE “bastante interessantes”.
“Tivemos prêmios absolutamente atípicos no ano passado, muito maiores, ainda estão acima da média, estão em queda por conta da expectativa de aumento de produção de açúcar no centro-sul, mas bem acima da média ainda”, disse Nastari.
“A curva futura dos prêmios está indicando valores positivos para o açúcar exportado, o que garante remuneração bastante vantajosa para o açúcar de exportação”, acrescentou.
Ele citou prêmios na faixa de 15 a 30 pontos sobre os futuros para o açúcar VHP brasileiro.
Segundo Nastari, a recente reoneração dos combustíveis no Brasil, que melhorou a competitividade do etanol hidratado frente à gasolina, “ainda será insuficiente” para atrair mais produção do biocombustível.
“(Ainda) mantém a vantagem para o açúcar bruto na exportação, vai levar algum tempo, duas a quatro semanas, para que o efeito da recuperação de competitividade do etanol seja sentido tanto pelos consumidores quanto para produtores”, comentou.
ETANOL FIRME
O presidente da Datagro comentou também que o mercado de etanol está “amparado” por menores estoques, apesar da expectativa de aumento da produção em 2023/24, uma temporada cuja produtividade da cana deverá crescer em meio a um clima de maneira geral favorável.
Ele citou que os volumes “administrados” pelas usinas no Brasil somavam 4,38 bilhões de litros em estoques em 16 de fevereiro, queda de 10,8% ante a mesma data do ano passado.
Com importante colaboração da produção de etanol de milho, a fabricação total do biocombustível no centro-sul em 2023/24 foi estimada pela Datagro em 30,96 bilhões de litros, alta de 5,9% na comparação com a temporada anterior.
A produção de etanol de milho deverá crescer 17,4% para 5,4 bilhões de litros em 2023/24, segundo a Datagro.
Segundo a consultoria, o mercado de etanol também está sendo influenciado por “vigorosa exportação” para os Estados Unidos, União Europeia e Coreia do Sul. No primeiro bimestre, os embarques totais brasileiros somaram 417 milhões de litros, aumento de 136,5% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Citando diversos fatores “altistas” para o mercado de açúcar e etanol, ele disse que, apesar da safra grande, a temporada 2023/24 será “ano para pagar contas” e planejar investimentos em nova rotas de diversificação.