Indústria de transformação, extrativa e agropecuária são os setores com produtos mais importados pelo Brasil
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Acompanhado consecutivos resultados que apontaram o superávit na balança comercial brasileira no ano passado com a marca de US$ 61,52 bilhões. Isso significa que há mais exportações que importações acontecendo, mas não quer dizer que não haja crescimento nas importações. Pelo contrário: no acumulado do ano passado, as importações totalizaram US$ 272.6 bilhões, alta de 24,2%, em comparação ao mesmo período de 2021. Os dados são do Ministério da Economia. 

Três setores vêm se destacando ao apresentarem crescimento nas importações. Os números a seguir são relativos ao ano de 2022:

  1. Indústria de transformação: concentra 89% de tudo que foi importado, somando  US$ 242,5 bilhões. Isso significa que a maior parte dos produtos importados pelo Brasil passaram por algum sistema de produção que os transformaram em outros produtos, sejam intermediários, que passarão por outro processo de transformação, ou produtos finais.
  2. Indústria extrativa: concentra 8,1% de tudo que foi importado, somando US$ 22,1 bilhões. Gás natural, petróleo bruto e carvão são os produtos que mais se destacam dentro dessa categoria, concentrando 93% das importações.
  3. Agropecuária: concentra 2,1% de tudo que foi importado, somando US$ 5,7 bilhões. Trigo e Centeio, não moídos, é o produto que o Brasil mais importa dentro do setor agropecuário, representando 36% do total.

Fábio Pizzamiglio, diretor da Efficienza, destaca que o setor agropecuário brasileiro tem um grande potencial para exportação e é fundamental para a economia do país. “A agropecuária é um setor estratégico para o Brasil, pois temos uma grande vantagem comparativa na produção de alimentos e podemos oferecer produtos de alta qualidade para o mercado internacional”. No entanto, o especialista alerta para a necessidade de investimentos em infraestrutura e tecnologia para tornar o setor ainda mais competitivo no mercado global.

Os 5 tipos de produtos mais importados pelo Brasil, os dados são do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços: 

Adubos e fertilizantes químicos

Aproximadamente US$ 24,7 bilhões foram destinados à compra de adubos e fertilizantes químicos em 2022. Os mais de 38 milhões de toneladas do produto que chegaram ao território nacional correspondem a 9,06% do total de importações do período.

Os aditivos são responsáveis por fornecer os nutrientes necessários para o enriquecimento do solo, fundamental para o crescimento das lavouras etc.. Enquanto os adubos são feitos de matéria orgânica, os fertilizantes são produzidos em laboratório e costumam ser mais eficazes. De acordo com um balanço da ANDA (Associação Nacional para Difusão de Adubos), das 40 milhões de toneladas usadas no Brasil em 2021, 85% foram importadas.

Para Leonardo Sodré, CEO da GIROAgro, uma das maiores empresas de fertilizantes do país, o ano foi positivo. O mercado de fertilizantes especiais e inteligente toma cada vez mais espaço no mercado internacional e 2022 foi um ótimo ano de abertura para essas tecnologias.

“Nós atingimos altos níveis de produção e negociação com inúmeros países. Se mantivermos o ritmo de investimentos e aprimoramento de técnicas agrícolas com desenvolvimento tecnológico, recordes serão batidos. Isso consolida a posição de destaque do Brasil no mercado global de produção de alimentos e segurança alimentar”, comenta Leonardo.

Óleos combustíveis de petróleo ou minerais betuminosos (exceto óleos brutos)

Além de ocupar o segundo lugar no ranking de importações, os derivados do petróleo são uma das commodities mais importadas pelo Brasil dentro da Indústria de Transformação. Os óleos combustíveis respondem por 8,64% de tudo que foi importado em 2022, o que corresponde a mais de 24 milhões de toneladas do produto só neste ano.

Apesar de ter o petróleo bruto ocupando o segundo lugar do ranking de produtos que o Brasil mais exportou em 2022, o país ainda depende de refinarias no exterior para transformá-lo em combustíveis e derivados. As refinarias nacionais, em sua maioria, não foram construídas com o objetivo de processar o óleo encontrado em território brasileiro, que é mais pesado que o petróleo do Oriente Médio. Em outras palavras, o Brasil exporta petróleo bruto e importa o produto final, que vai para consumo.

Válvulas e tubos termiônicas, de cátodo frio ou fotocátodo, diodos, transistores

Lâmpadas, tubos e válvulas de vácuo, de vapor ou de gás e ampolas retificadoras de vapor de mercúrio são alguns exemplos dessa categoria de produtos, que ficou em terceiro lugar também nos dois rankings. A participação foi de 4,22% no ranking geral e 4,74% no ranking exclusivo da Indústria da Transformação. Mais de 1 milhão de toneladas desses produtos foram importadas no ano passado.

Gás natural, liquefeito ou não

Produtos químicos utilizados na fabricação de medicamentos ocuparam o 4º lugar do ranking, com 3,65% de participação em tudo o que foi importado pelo Brasil em 2022. A categoria ficou em 4º lugar no ranking de importações da Indústria da Transformação. Mais de 783 mil toneladas dessas matérias-primas foram compradas, o que representa um crescimento de 23,6% em comparação com o ano de 2021. 

Óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos, crus 

Com 3,64% de participação nas importações brasileiras, os óleos de petróleo ou de minerais betuminosos em forma bruta ocupam o 5º lugar do ranking geral. Ao observar apenas as subcategorias que pertencem à indústria extrativa, no entanto, o produto alcançou a primeira posição em 2022. O total investido na compra do mineral durante todo o ano foi de US$ 9.9 bilhões, 148,2% a mais que em 2021.

Fábio Pizzamiglio também destaca que o aumento nas importações de setores como a indústria de transformação e a indústria extrativa pode indicar um aquecimento da economia brasileira. Ele afirma que “a indústria de transformação é um setor estratégico para o país, pois é responsável por gerar empregos e impulsionar a cadeia produtiva. Já a indústria extrativa tem um papel importante na produção de energia e em diversos outros segmentos da economia”. No entanto, o especialista alerta para a importância de se monitorar o déficit comercial, que pode comprometer a balança comercial brasileira a longo prazo.