Petróleo cai por temor de recessão e crise bancária
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O contrato do Brent, considerado a referência mundial, para o mês de maio fechou o dia em queda de 4,85%, a US$ 73,69 o barril. Ao mesmo tempo, o WTI, referência americana, para abril caiu 5,22%, a US$ 67,61 o barril.

Durante o dia, as duas referências chegaram a cair quase 7%. Por volta de 14h15 (de Brasília), o barril do WTI com entrega para abril recuava 6,74%, a US$ 66,52, enquanto o do Brent para maio tombava 6,30%, a US$ 72,57.

A tensão no setor bancário, iniciada no último fim de semana, com o colapso do Silicon Valley Bank (SVB) e do Signature Bank, ganhou força na quarta após o Saudi National Bank, maior acionista do Credit Suisse, declarar que não vai fornecer mais liquidez para o banco suíço.

Isso fez com que as ações do Credit registrassem perdas expressivas, empurrando não apenas os papéis de outros bancos como também índices acionários inteiros mundo afora, contaminando os demais ativos de risco.

“Embora o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) tenha agido rapidamente para apoiar os depósitos no SVB, as ações dos bancos continuam liderando as perdas, puxadas pela queda de mais de 20% nas ações do Credit Suisse”, escreveu Robbie Fraser, da Schneider Electric, em nota.

Os temores, agora, são de que a tensão leve a uma crise generalizada, que acabe impactando a demanda por petróleo. “Apesar disso não ter implicações diretas para os fundamentos do petróleo, continuará a destacar os temores de uma demanda mais fraca ao longo do ano”, diz Fraser.

Além disso, os mercados repercutiram a divulgação da inflação ao consumidor nos Estados Unidos na terça-feira e dados na China, que sinalizaram uma recuperação econômica de Pequim.

“O mercado de petróleo teve mais um dia volátil ontem, e a commodity chegou ao seu nível mais baixo desde dezembro de 2021. Os mercados tiveram que lidar com o colapso do SVB e suas implicações mais amplas no sistema bancário e lidar com resultados mais fortes do que o esperado para o núcleo da inflação (nos Estados Unidos)”, apontou o banco ING, em relatório. “Está cada vez mais difícil adivinhar o que o Fed pode decidir em sua próxima reunião de política monetária”, afirmou o banco holandês.

Edward Moya, da Oanda, chamou a atenção para os sinais de enfraquecimento das demandas nos Estados Unidos e na China. As vendas no varejo americano recuaram 0,4% entre janeiro e fevereiro, segundo dados divulgados na quarta-feira, e as perspectivas da China não parecem tão robustas depois que o desemprego aumentou e diante das preocupações com o mercado imobiliário do país, diz Moya.

Um dólar mais forte, à medida que investidores buscam refúgio, torna as commodities mais caras. O relatório mensal da Agência Internacional de Energia também adotou um tom baixista, prevendo que a oferta global de petróleo deve exceder “confortavelmente” a demanda no primeiro semestre, antes de apertar ainda decorrer do ano.