Segundo levantamento divulgado em 10 de março pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção de soja no Brasil na safra 2022/2023 deve ser de 145 milhões de toneladas, crescimento de 21,3% em relação ao período anterior. Já a previsão para o milho 2ª safra é de 92,7 milhões de toneladas no atual ciclo, aumento de 9,4% em comparação com a safra 2021/2022. As duas culturas são as principais commodities produzidas e comercializadas no País. É por isso que a Tecnoshow Comigo programou para o dia 30 de março, às 9 horas, no auditório 1 do Centro Tecnológico COMIGO (CTC), em Rio Verde (GO), a palestra ‘Fundamentos de grãos e câmbio – cenário de preços para soja e milho em 2023’.
O tema será abordado pelo consultor sênior em Gerenciamento de Riscos, Etore Baroni. “Vamos explorar os fundamentos dos mercados de soja, milho e câmbio, com foco no cenário de preços para 2023. Para isso, vou discutir os principais indicadores macroeconômicos que podem afetar esses mercados, além de fazer uma retrospectiva de 2022. A partir dessa análise, vou apresentar diferentes cenários e estratégias que os produtores, traders e demais agentes do setor podem adotar para se prepararem para as possíveis variações nos preços e nas condições de mercado. Dar cada vez mais informações e bagagem para o produtor poder ter todas as informações para a melhor tomada de decisão”, acrescenta.
De acordo com ele, o tema é extremamente importante para o setor agrícola e para a economia como um todo, por causa da relevância da soja e do milho para o Brasil e o mundo. “Além disso, o câmbio tem um papel fundamental na formação dos preços desses produtos, já que todas as negociações são realizadas em moeda estrangeira. Compreender os fundamentos desses mercados e seus possíveis impactos nos preços é essencial para produtores, tanto no momento da compra dos insumos quanto no momento da venda da produção”, informa.
Cenários
O consultor Etore Baroni revela que para analisar o atual cenário de preços para a soja e o milho em 2023, é importante considerar diversos fatores que podem afetar a tomada de decisões dos participantes do mercado. “A safra de soja do Brasil será recorde, o que aumentará a necessidade de escoamento para o porto devido à concentração de colheita e entupimento das estruturas de recebimento no interior. A baixa venda do produto também pode pressionar a capacidade logística do porto e do interior, mantendo os prêmios no interior bastante pressionados por um grande período do ano. É importante que os produtores prestem atenção a isso em sua estratégia. É possível que os prêmios no porto recuperem um pouco antes – de abril para frente – tentando comprar volume no interior, devido à baixa venda do produtor, o que pode gerar um movimento diferente no interior”, enfatiza.
Ele destaca também que a Argentina tem uma quebra de produção bastante grande (20 milhões de toneladas) e por isso deve comprar soja no Brasil, mas nada em grandes volumes, já que o principal abastecedor argentino é o Paraguai. “O Brasil deve exportar e a indústria interna deverá ser forte demandadora de soja, devido às altas margens de esmagamento projetadas em praticamente todos os meses do ano. No entanto, a inversão do mercado e o custo do carrego são grandes limitantes para a compra de altos volumes e estoque futuro”, cita.
Em relação ao milho, Etore explica que, dentro de 90 dias, haverá uma nova safra de milho, que provavelmente resultará em um volume grande de físico dentro de casa, que precisará ser movimentado para porto, interior ou fábrica, pressionando novamente a questão logística. “Certamente, teremos a safra mais cara até então, tanto com os custos de implantação pelos insumos quanto pelo custo logístico no momento da colheita”. Ele informa, ainda, que em breve, o mercado deve mudar o foco para os Estados Unidos, que deverá plantar mais área de soja e milho, e devido à transição climática, colher uma safra normal que pela área deveria ser recorde. “A demanda a partir de setembro deve se voltar para lá, esvaziando um pouco a demanda de porto por aqui. Não devemos ver uma demanda adicional ou anormal no mercado, principalmente pela China, devido à economia lenta e ao mercado invertido”.
Por fim, o palestrante ressalta que existem poucos fatores que mudariam este cenário, como quebra de safra nos EUA, quebra safrinha, fator geopolítico entre EUA, Rússia e China – que pode mudar o cenário econômico internacional e as commodities. “Além disso, a possibilidade de uma tributação de exportação pode mudar bastante o cenário e fazer o ritmo/volume de exportação cair rapidamente. Por isso, as decisões e as estratégias devem ser muito bem avaliadas e tomadas para que não se derreta a margem nesses componentes. Este cenário é um pouquinho diferente dos últimos anos, mas, combinado com uma alta produção e estratégias bem definidas e executadas, tem tudo para trazer um ano excelente em resultados”, diz.