Tereos vai elevar em 10% moagem de cana 23/24 no Brasil; prevê alta de 6,25% para açúcar
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De acordo com projeção divulgada nesta segunda-feira, a produção de açúcar deve alcançar 1,7 milhão de toneladas, crescimento de 6,25% comparado à safra anterior, enquanto a fabricação de etanol está estimada em 580 milhões de litros, versus 480 milhões.

O CEO da companhia no Brasil, Pierre Santoul, disse à Reuters que a produção açucareira só não será ainda maior porque não há tanta margem operacional para expansão.

“Vamos fazer o máximo que conseguirmos em açúcar, o mix de produção poderá superar 65% nesta safra… Estamos no máximo, não da para ir muito além disso”, afirmou o executivo sobre a parcela de matéria-prima para o adoçante.

Na temporada anterior, a empresa francesa já havia subido a destinação de cana para a fabricação de açúcar na unidade brasileira para 65%, contra 62% em 2021/22.

A produção de açúcar da Tereos no Brasil representa cerca de 35% a 40% do desempenho global da companhia no setor.

Na avaliação do CEO, o etanol está menos atrativo que o adoçante para as usinas no mercado e, atualmente, o preço do açúcar está e seguirá elevado por diversos motivos.

“O açúcar disponível no curto prazo não está em linha com a demanda, que é mais forte. E além disso, há bastante atraso no embarque de açúcar a partir do Brasil, por competição com as exportações de grãos e chuvas fortes que atrasaram o embarque no porto de Santos”, disse ele.

O país está em plena colheita de uma safra recorde de soja 2022/23, que tem em Santos (SP) um de seus maiores canais de escoamento para exportação.

Do ponto de vista mundial, Santoul citou revisões nas expectativas para a produção açucareira que estão ocorrendo devido a uma seca na Índia e Tailândia, com possibilidade de menos açúcar principalmente entre os tailandeses.

Há também projeções de recuo na fabricação do adoçante na Europa, motivado por restrições ao uso de um defensivo importante para o combate de pragas na lavoura de beterraba sacarina.

Em contrapartida, o executivo vê o consumo global em uma crescente, principalmente nos Estados Unidos, países africanos e asiáticos.

“O mundo precisa de 7 milhões de toneladas de açúcar adicionais. A pergunta é: de onde virá esse açúcar hoje?”, questionou. “O Brasil vai responder para essa demanda e a retomada de produção no Brasil é muito importante”, afirmou.

“Então, nesse contexto, as expectativas para as próximas safras são bastante positivas e, sem dúvida, o açúcar será o produto mais interessante para o produtor brasileiro.”

Em relação ao etanol, Santoul ainda comentou que os preços estão muito voláteis devido à influência das cotações do petróleo Brent e a incertezas no segmento de combustíveis no Brasil.

“Tem a volatilidade do mercado brasileiro de combustíveis com a política de preços da Petrobras. Qual vai ser a política da Petrobras? Então, são muitas perguntas abertas e quando você é produtor, quer mais estabilidade”, disse o CEO da Tereos.

CLIMA

Santoul lembrou que o ciclo de 2022/23 foi uma safra de “reconstrução”, após efeitos negativos de uma seca muito forte em 2021. Agora, as chuvas bem distribuídas que ocorreram entre janeiro e março no centro-sul colaboram para o crescimento da cana na nova safra.

“A complicação disso é que o plantio para a safra 2023/24 está atrasado, esse é um impacto para todo setor. A renovação (de canaviais) para a safra 2024 é um desafio”, disse ele.

Historicamente, a Tereos renova cerca de 15% de seus canaviais no país, mas o percentual que será adotado nesta temporada vai depender das condições climáticas, “se elas vão permitir ou não”.

O CEO também ressaltou que o andamento das chuvas entre os meses de abril e junho será crucial para definir o tamanho da safra.

Vale destacar que as últimas temporadas estiveram sob os efeitos do fenômeno climático La Niña e o ano de 2023 deve ser de neutralidade seguido por um El Niño, onde, teoricamente, há maior intensidade de chuvas no centro-sul, comentou Santoul.

“Estamos razoavelmente otimistas (com o clima)… mas isso pode mudar, o cenário base é de uma aceleração na volatilidade climática e sabemos que temos que conviver com isso”, completou.