A Embrapa Aves e Suínos realizou um estudo, em parceria com a Roboagro, com o objetivo de avaliar o desempenho de suínos nas fases de crescimento e terminação submetidos a quantidades e frequências iguais e diferentes de arraçoamento diários, com a utilização de robô em comedouros lineares. Na unidade de produção de suínos destinados ao mercado interno, os animais alimentados com quatro tratos diários, sendo o primeiro e o último com porções de ração maiores do que nos horários intermediários do dia, apresentaram melhor desempenho de peso de abate, peso de carcaça quente, ganho de peso diário e conversão alimentar do peso ao abate e da carcaça quando comparados com os demais tratamentos. Como na alimentação humana, o estudo mostrou que os suínos também preferem porções diferenciadas ao longo do dia. “É como se estivessem comendo café da manhã, almoço, lanche e jantar. Assim, o resultado é melhor do que ingerindo a mesma quantidade por refeição ao longo do dia”, explica o CEO da Roboagro, Giovani Molin.
Molin também aponta os ganhos econômicos desse tipo de manejo. “O principal ponto é a melhoria de conversão alimentar, os tratos feitos da maneira indicada no estudo economizam até R$ 15 por animal. A economia pode chegar a R$ 135 mil por ano por granja. Além disso, uma melhora de 2% na conversão alimentar pode gerar um aumento de 1,6% na margem da agroindústria, que usualmente gira em torno de 8% no total”, orienta o CEO da Roboagro, Giovani Molin.
Segundo o pesquisador da Embrapa Aves e Suínos, Osmar Dalla Costa, foram realizados testes em duas granjas, uma destinada ao mercado interno, na qual os suínos recebem um suplemento de ractopamina na ração no final da terminação e outra destinada ao exterior, com a animais sem suplementação. “Os resultados da alimentação fracionada e em porções diferentes ao longo do dia foram melhores nos animais criados para o mercado interno, com 4 refeições diárias (28%, 22%, 22% e 28%), porém na outra granja também houve aumento do peso dos suínos”, explica.
O Roboagro, permite a alimentação fracionada dos animais e com diferentes quantidades ao longo do dia, diferente de outras formas de arraçoamento. Com o robô, é possível programar os horários e quantidade de alimento fornecido. “O estudo também mostra que os animais têm mais fome nos horários mais frescos, quando é oferecido volume maior de ração. Dessa forma, evita-se o desperdício e melhora o bem-estar animal”, explica Molin.
Dalla Costa também destaca a economia de ração utilizando o Roboagro. “No custo de produção do suíno, a alimentação corresponde a aproximadamente 80%, então toda redução é bem-vinda. Além disso, diminui a produção de dejetos dos animais, e consequentemente, a pegada ambiental da atividade”, resume o pesquisador.
Na propriedade destinada à produção de suínos para o mercado interno foram alojados e acompanhados 768 animais, distribuídos em 64 baias em duas instalações distintas. Já na propriedade destinada à produção de suínos para o mercado externo foram alojados e acompanhados 832 animais em 64 baias, também em duas instalações.
De acordo com a pesquisa, na produção de suínos para o mercado interno, com uso de ractopamina, recomenda-se alimentar os suínos quatro vezes ao dia. Assim, pode-se obter melhor conversão alimentar sem prejudicar o peso de abate, carcaça e ganho de peso diário. Para o mercado externo, o melhor desempenho dos animais foi alcançado com cinco tratos diários e porções de ração distintas entre eles. Os detalhes da pesquisa foram divulgados no Comunicado Técnico 593.
No ano passado, a Embrapa assinou um termo de cooperação com a Roboagro, que previa testes de validação de conceito e novos desenvolvimentos de sensores e dispositivos nos robôs. A aproximação da entidade com a empresa se iniciou na edição 2021 do InovaPork, quando a Roboagro foi vencedora com a solução robotização inteligente 4.0 na suinocultura de precisão.