Queda no mercado e custos elevados preocupam frigoríficos em Mato Grosso

Queda no mercado e custos elevados preocupam frigoríficos em Mato Grosso

O cenário com o dólar em baixa, os mercados internacionais em queda, o abate acima da média de fêmeas e a redução das exportações nos últimos quatro meses tem acendido luzes vermelhas para o setor. O fim do embargo chinês ainda não teve reflexos sobre a cadeia da proteína animal, e isso tem preocupado os frigoríficos em Mato Grosso.

O presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso (Sindifrigo), Paulo Bellincata, destaca que o atual momento é delicado, pois há uma crise com amargos prejuízos nos primeiros 4 meses do ano. 

“É só olhar para as empresas que publicaram seus balanços ao final do trimestre passado. 

Se levarmos em conta que as maiores empresas contam com exportações como opção de mercado, fica fácil imaginar o quanto estão perdendo as empresas menores que trabalham basicamente com o mercado interno”.

Conforme o boletim semanal do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), as exportações de carne bovina carne recuaram 25,59% em abril de 2023 ante a março. Em anos anteriores, o 1º quadrimestre era responsável por cerca de 30% do volume anual, contudo, os embarques de 2023 apresentaram recuo de 8,42% na comparação com o mesmo período de 2022. 

Bellincanta destaca ainda que a dificuldade é muito grande e ainda não é possível vislumbrar cenário mais ameno no curto prazo. Mesmo a situação de capacidade ociosa das indústrias em atividade ou paradas não preocupa tanto quanto a atual necessidade de medidas para garantir a manutenção da vida daquelas que estão em funcionamento.

“A manutenção do pagamento dos impostos, da folha de pagamento, dos pecuaristas, dos insumos e manutenção das fábricas tem sido um exercício árduo para os donos dos frigoríficos. 

Estamos cientes que nosso parceiro pecuarista vive também o drama de resultados negativos.  Não se trata do preço do boi, porque se olharmos Brasil a fora encontraremos enormes diferenças em estados com custos semelhantes”, destacou.

Bellicanta reforça que a crise é setorial e não se vê luz em um horizonte próximo. O setor de frigoríficos, que sempre ajudou e garantiu números extraordinários à balança comercial, também precisa de ajuda.

“A crise se dá com aumento de produção e não com redução. Ocorre um aumento dos custos, inflação, juros e o dólar se desvalorizando, enquanto na outra ponta a carne tem baixado para o atacado em velocidade maior que a arroba tem baixado no pasto. A somatória disto deságua nesta situação ímpar de crise com bons volumes. Aumento de volumes que não nos permite comemorar em decorrência de resultados negativos em toda cadeia”.