Um relatório produzido por analistas de pesquisa do RaboResearch Food and Agribusiness, no dia 26 de junho de 2023, trouxe atualizações e previsões sobre os principais pilares e assuntos do agronegócio no Brasil, como o câmbio, fertilizantes, grãos e gado.
Câmbio
Dentre o relatório de câmbio, é esperado que, ao final de 2023, o dólar seja negociado a R$5,05 e já ao final de 2024 a R$5,15. Em um curto prazo existe uma apreciação da moeda brasileira, porém em um médio a longo existem alguns empecilhos. O afrouxamento da taxa Selic, que na reunião de dezembro deve ir a 12,50%a. a e em 2024 a 10,00%a. a, juntamente aos riscos do El Niño devem pressionar o real brasileiro.
Fonte: Rabobank, Bloomerang
Fertilizantes
Já no mercado de fertilizantes, é apresentada uma queda em 2023. Com destaque para a
Ureia que caiu 40% desde o começo do ano. A queda deve ser contínua nos próximos meses para os outros também, como o MAP e o Cloreto de Potássio (KCl). Para retomar o nível do consumo de fertilizantes, no Brasil, o volume entregue aos produtores nos próximos meses é crucial.
Cana de açúcar e etanol
Os canaviais vêm surpreendendo positivamente o mercado, com chuvas certeiras em maio e junho, elevando as expectativas de moagem para 2023 e 2024.
Devido aos riscos do El Niño, o preço do açúcar é considerado um prêmio. Porém, devido à queda dos preços internacionais do combustível, valorização do câmbio e o vazio em relação ao futuro do combustível local, o etanol segue pressionado.
Café, soja e milho
No Brasil, o baixo estoque de café está dificultando as exportações, porém é esperado uma melhora no segundo semestre com a nova Safra.
O El Niño tem afetado o sudeste asiático, havendo uma expectativa de quebra da Safra da Indonésia. O evento afeta a produção na Colômbia e na América Central com a diminuição do volume de chuvas nessas regiões. Porém, no Brasil, não são esperadas mudanças significativas na produção. O Rabobank projeta, para o ciclo de 2022/23, um aumento de 1,6% no consumo de café global em relação ao ciclo anterior.
As cotações no mercado local de soja recuaram 33% nos últimos 12 meses, enquanto em Chicago (CBOT) houve uma diminuição de 20%. Por conta da baixa em Chicago, câmbio desfavorável e prêmio menores a cotação da soja no Brasil é afetada.
No Mato Grosso, a comercialização da soja está em 72%, o que significa se manter 8% abaixo da produção durante o mesmo período do ano passado.
Apesar disso, a produção de soja no Brasil alcançou 12 milhões de toneladas durante os meses de janeiro e março de 2023, um aumento de 7% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
A colheita do milho safrinha no Brasil tem apertado as cotações do cereal, por conta da alta disponibilidade de soja para a safra 2022/23 e às excelentes condições das lavouras brasileiras de milho segunda safra.
Além disso, existe uma exposição às lavouras norte-americanas de milho, com expectativas em relação ao clima e às condições da safra. O USDA apresenta a produção de 388 milhões de toneladas de milho aumentando mais 20 milhões de toneladas ao final do ciclo 2023/24.
Algodão
É esperado, no Brasil, que haja um aumento da área de plantio do algodão, com números chegando a 1,6 milhões de hectares, o que faria a produção chegar a 3 milhões de toneladas.
O europeu recupera a confiança no algodão, o que pode potencializar o consumo apesar da incerteza do consumo global.
Gado e leite
Com problemas de oferta doméstica e na Argentina, o mercado de gado enfrenta incertezas. A recuperação será lenta devido à grande queda da demanda em 2022, mesmo com melhores margens para o produtor.
O alto abate de fêmeas, maior estoque de machos e a queda da oferta desvalorizam o valor do gado, mesmo com a alta nas exportações para a China. De acordo com o Imea, o abate de fêmeas foi 52% maior que o de machos em maio, pelo quarto mês seguido.
Após a baixa nas ofertas do leite em 2022, neste ano o mercado vem se recuperando lentamente devido ao avanço nas importações e a a melhora na produção no mercado brasileiro. De acordo com dados do Milkpoint Mercado as margens de leite estão em R$47/vaca/dia, as mais altas dos últimos 4 anos.
Em trecho retirado do relatório é explicado o cenário internacional do leite: “O cenário internacional continua se deteriorando, com inflação ainda elevada e juros internacionais no maior patamar dos últimos 15 anos”.
Suco de laranja
Após fortes altas no primeiro trimestre do ano, os preços internacionais do suco de laranja mantiveram alta no segundo trimestre, alcançando os maiores valores em 5 anos na Europa e nos EUA. A demanda mundial deve continuar caindo no segundo semestre, com aumento do preço do suco e queda nas vendas nos mercados na Europa e nos EUA.
A Fundecitrus faz uma estimativa de 309 milhões de caixas para a safra de 2023/24, o que não seria suficiente para modificar as expectativas do mercado.
Celulose
A partir de abril, pode se confirmar uma redução do preço da celulose no segundo trimestre de 2023. Além disso, houve um aumento no estoque global no primeiro semestre, o que deve desequilibrar a relação oferta e demanda no mercado global.
A alta nas ofertas deve continuar no segundo semestre e as projeções para a demanda sugerem cautela em várias categorias de papel, com crescimento moderado apenas em tissue e alguns papeis para embalagens.