Sudoeste mineiro divulga estudo de vocação territorial com foco no agronegócio, e recebe certificação estadual
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O Sebrae Minas e o Grupo Líder Montanhas do Sudoeste apresentaram, nesta quarta-feira (4/10), em Muzambinho, um estudo de vocação do território Sudoeste que contempla 14 municípios, e tem foco no agronegócio, em especial a cafeicultura, principal atividade econômica da região.

O encontro foi realizado no campus regional do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais (IFSULDEMINAS), e contou com a presença de lideranças do agronegócio e poder público, como prefeitos, secretários de Desenvolvimento, Turismo e Agricultura, cooperativas, universidades, associações e produtores rurais.

Dados e oportunidades de desenvolvimento de negócios estão no estudo, que aborda temas como: sustentabilidade, sucessão familiar e fortalecimento da rede de mulheres produtoras. Este diagnóstico teve início em 2022, a partir da demanda por dados concretos sobre a real situação do setor cafeeiro na região.

A especialista em estratégia, comunicação e sustentabilidade, Cláudia Leite, conduziu a apresentação e revelou que a região, composta pelas cidades de Arceburgo, Bom Jesus da Penha, Guaranésia, Guaxupé, Itamogi, Jacuí, Juruaia, Monte Santo de Minas, Muzambinho, Nova Rezende, São Pedro da União, São Sebastião do Paraíso, São Tomás de Aquino e Cabo Verde, tem características essenciais que podem ser exploradas em prol do desenvolvimento econômico e sustentável.

A ação é uma iniciativa do Sebrae Minas e do Grupo Líder Montanhas do Sudoeste, além de contar com o apoio do IFSULDEMINAS, Associação dos Municípios da Baixa Mogiana (Amog), Associação dos Cafeicultores do Sudoeste de Minas, APL, Circuito Turístico Montanhas Cafeeiras de Minas e Governo de Minas.

Resultados do estudo

Ações com foco no avanço do território, sem perder o princípio de preservação da identidade, foram destacadas no estudo. Entre as propostas estão: garantir que as novas gerações estejam envolvidas nos negócios, com foco na sucessão familiar; fortalecer a rede de mulheres produtoras, não somente da cafeicultura, a fim de potencializar outras iniciativas na região; preservar a área de bacias hidrográficas que permeiam o território e que impactam no campo e nas cidades; fortalecer a construção de uma rede de jovens empreendedores, investindo em capacitação, gestão, desenvolvimento do empreendedorismo, inovação e tecnologia; além de incentivar novas culturas.

Especificamente sobre o café, todos os 14 municípios são produtores e respondem, em média, por 30% do PIB municipal. A região tem uma participação relativa na produção cafeeira do estado e nacional, de 26% e 13%, respectivamente. O café do Sudoeste é visto como artesanal, com produção predominantemente familiar, tem sabor adocicado e aroma marcante.

Quanto às oportunidades para a região, foram citados o potencial de novos mercados, a melhoria contínua dos processos, a necessidade de fortalecimento da governança regional, assim como a ampliação dos canais de comercialização, incluindo os internacionais, entre outros. A abertura para outras culturas como morango, uvas, figo, lúpulo, entre outros, também foi apontada como uma oportunidade para a região. O estudo revelou ainda a demanda por mão de obra qualificada – principalmente no que se refere à formação de ensino superior -, e a necessidade de promover ações de modernização, competitividade e diferenciação.

Sobre o diagnóstico, a gerente da Unidade de Agronegócio do Sebrae Minas, Priscilla Lins, comenta que “ele será um balizador para deixarmos a posição de espectador e nos tornarmos atores no processo. As lideranças do Agro, por exemplo, precisam agir a partir do que foi apresentado. Elaborar um plano de ação consciente de que é preciso evoluir. E foi perceptível a disposição para agir com rapidez”, comenta.

Além dos resultados do estudo, os participantes conheceram mais sobre o programa Restaurar – iniciativa que contribui para a preservação das bacias hidrográficas no estado Foram apresentadas as etapas de implementação do programa que, entre suas diversas ações, promove um estudo para mensurar a disponibilidade hídrica das bacias para irrigação das lavouras.

Reconhecimento estadual

O evento também foi marcado pelo reconhecimento dos cafés da Região do Sudoeste de Minas como um Arranjo Produtivo Local (APL) – aglomerações de empresas e empreendimentos, localizados em um mesmo território, que apresentam especialização produtiva. O APL da região é composto por 21 municípios que têm o café como produto de impacto na economia local. Juntos, eles produzem, anualmente, 2,6 milhões de sacas de café de 60 quilos, em 178.530 mil hectares de área plantada e 11.818 propriedades rurais.

Em 2020, o Sebrae Minas iniciou um trabalho de posicionamento do território perante o mercado global de café, levando a uma estratégia de marca e valorização dos produtores. Três anos depois, foi lançada a Marca Coletiva Sudoeste de Minas, e conquistado o reconhecimento do Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI, com a Indicação Geográfica (IG), na modalidade Indicação de Procedência Sudoeste de Minas.

O presidente da Associação dos Cafeicultores do Sudoeste de Minas, Fernando Barbosa, reconhece a importância do APL, também, na valorização da marca da região para os cafés especiais. “Acredito que favorece a geração de negócios e o acesso a novos mercados. Fortalece o produtor e o produto com maior visibilidade. Estamos buscando condições de dar notoriedade para a região e fomentar uma nova cultura do café”, ressalta.

A oficialização da APL foi entregue pelo diretor de Arranjos Produtivos e Cooperativismo da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Governo de Minas, Fernando Abreu. “O APL gera representatividade para o setor econômico, o que é fundamental para se conquistar e reivindicar outras demandas. É um trabalho em grupo que torna cada produtor mais forte, favorecendo o acesso a novos mercados, poder de compra, negociação e articulação com o Estado sobre as necessidades do setor”, explica.

Panorama da região

A participação do setor agropecuário da região sudoeste na composição do PIB mineiro é significativa. Segundo o IBGE (2017), enquanto o estado soma 5,4% no setor, o Sudoeste alcança 14,9%. Já a área industrial em Minas era de 25,8%, e na região representa 36%. Quanto ao número de estabelecimentos agropecuários, são 41.743 negócios, sendo um terço destes com menos de 10 hectares.

Quanto ao perfil das 14 cidades foco, o estudo revelou que, juntas, somam 257 mil habitantes, sendo 12.165 produtores rurais – 91,15% homens, 66% acima dos 45 anos. Os dados trouxeram uma preocupação, já que 91% das propriedades eram familiares, e o perfil majoritário revelou que é necessário fortalecer a cultura de sucessão familiar e evitar o abandono ou transferência dos negócios.

Em relação às lavouras, os dados do IBGE mostraram que 76,44% são permanentes (abacate, azeitona, banana, café, caqui, entre outros), com 23,56% temporárias (abacaxi, abóbora, alho, batata, trigo, entro outros). Sobre as áreas plantadas, o café cobre 103 mil hectares (ha), o milho 21 mil ha, a soja 8,5 mil ha, e a cana 6,9 mil ha. Já a produção leiteira chega a 227 mil litros por dia.

Montanhas do Sudoeste

O Grupo Montanhas do Sudoeste surgiu em 2019, a partir do Programa Lider do Sebrae Minas – que tem o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável dos territórios por meio de uma atuação integrada entre as lideranças do poder público, entidades privadas e terceiro setor. Segundo o gestor do grupo, Renato de Souza, um dos projetos é reconhecer o café como patrimônio cultural de Minas Gerais, como ocorreu, recentemente, com a comida mineira. “Nesta semana, recebi a notícia de que seríamos convidados a efetivar a assinatura do termo de cooperação entre o IFSULDEMINAS – campus Muzambinho, a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (SECULT) e o Instituto Estadual de Patrimônio Histórico, em Belo Horizonte”, comemora.