Teor do biodiesel divide opiniões entre lideranças governamentais e o setor de transportes
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A cada ano, o transporte rodoviário de cargas vem se comprometendo a cumprir com a responsabilidade de ajudar no combate à poluição do meio ambiente. Segundo pesquisa da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje), até 2021, 95% das empresas brasileiras já contavam com governança ambiental, social e corporativa (ESG) como prioridade em sua agenda organizacional.

Visando continuar estudando as melhores práticas para contribuir com a causa, empresas como a TKE Logística, localizada no sul de Santa Catarina, está adotando posturas e planejamentos diferentes para seguir corretamente.

“Considerando as características de nossas operações e a infraestrutura do nosso país, realizamos avaliações constantemente nas operações sobre como podemos diminuir o impacto que temos ao meio ambiente. Procuramos uma renovação constante de nossa frota; buscamos motores mais modernos e menos poluentes — sendo inclusive cossignatários do programa DESPOLUIR, que disponibiliza vistorias constantes em nossos veículos –, além da manutenção preventiva e corretiva desses motores; e reutilizamos produtos (quando possível) que evitam o desperdício de matéria-prima como um todo”, descreve o gerente administrativo da TKE Logística, Franco Gonçalves.

Esse engajamento por parte das organizações em conjunto com as entidades e com órgãos governamentais e particulares do setor vem sendo crucial para que haja menos poluição durante as operações. Porém, apesar de todos estarem colaborando com essa responsabilidade, algumas decisões impostas pelas lideranças que regem o transporte talvez não sejam tão benéficas aos olhos de quem realmente presta esse tipo de serviço.

Um grande exemplo disso é o aumento do teor do biodiesel que será aplicado a partir de 1° de abril: o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) decidiu adotar um período de transição para viabilizar o teor de 15% de biodiesel no óleo B com o intuito de diminuir a poluição pelas estradas, já que o biodiesel é considerado, em teoria, um combustível sustentável.

Mesmo entendendo esses pontos e o ganho ao meio ambiente, as transportadoras enxergam de outra maneira e argumentam que isso acarretará mais consumos de outros materiais e que, consequentemente, continuará emitindo poluição.

Para Franco, o biodiesel atual proporciona ainda mais os desgastes dos veículos e manutenções diárias: “O biodiesel utilizado no país hoje, conforme pesquisas do setor, gera problemas como criação de borra (com alto teor poluidor), além de danificar peças em veículos, bombas de abastecimento e geradores, entre outros produtos, que acabam tendo um maior consumo de combustível por não estarem trabalhando corretamente e gastando mais em peças que precisarão ser trocadas precocemente — um desperdício extra em matéria-prima”.

Essa restrição por parte das organizações, e até mesmo de instituições importantes como a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), que divulgou uma nota recentemente contra a decisão do aumento, não acontece por elas serem contrárias aos ganhos em sustentabilidade, mas sim por entenderem que essa atitude pode gerar efeitos contrários.

Franco finaliza ponderando com uma solução que as lideranças podem adotar e que seja boa para os dois lados: “A solução, hoje, seria a substituição desse biodiesel, de primeira geração, de base éster, pelo diesel verde (HVO), que utiliza a mesma matéria-prima, mas é fabricado por outro processo. Assim, não prejudica os equipamentos, pode usufruir de toda a infraestrutura de distribuição que temos no diesel atualmente e também ser utilizado nos veículos mais antigos, além de ser aplicado em países da Europa e América do Norte”.