O ex-vice prefeito de Campo Grande, Gilmar Antunes Olarte, que é réu entre outros 17 envolvidos no golpe que tirou o então titular Alcides Bernal da cadeira de prefeito em 2014, mas que está condenado e preso por outro golpe ‘privado’ em membros de sua Igreja, valendo-se da condição e cargo público, agora reaparece, acusado de novo golpe em falso leilão que tirou R$ 400 mil de casal evangélico ou até mais em previsto prejuízo de até 800 mil. Nesta sexta-feira (25), veio a tona uma nova investigação contra Olarte, que teria ‘golpeado’ o casal em venda de um prédio, por meio de suposto leilão, que tirou o valor do dinheiro do casal de fieis da Assembleia de Deus Nova Aliança (ADNA), sua então Igreja que fundou, mas estava afastado da direção, após escândalos.
A acusação vem do suposto crime, que teria sido praticado no final de 2020, três anos após até ter sido já condenado em 2017, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, em outro caso que também envolveu a ADNA, mas ainda não estava preso, devido a protelações em recursos que só terminaram em maio de 2021. Assim, Olarte foi preso cinco meses depois da reincidência em novo golpe, para cumprir a pena de oito anos e quatro meses a que foi condenado no golpe anterior então comprovado. O ex-prefeito está preso em regime fechado na Capital. Veja no fim da matéria o histórico dos crimes de Olarte, os quais já tem condenação em cumprimento.
O novo caso em mais uma acusação de golpe, que colocará Olarte como um especialista na área, está registrado já em ação judicial contra o ex-prefeito, por meio do autônomo Diego Aparecido Francisco, 37 anos, e uma gerente do Banco Safra. O inquérito vem a público hoje, mas já está aberto desde Maio de 2021, na DedFaz (Delegacia Especializada na Repressão de Crimes de Defraudações, Falsificações, Falimentares e Fazendários). Contudo, as vitimas foram, conforme apontou primeiro o portal ‘O Jacaré’, com o jornalista Edivaldo Bitencur, um casal de comerciantes, de 46 e 56 anos, que eram fiéis da igreja e amigos do ex-prefeito.
O caso inicial vem de ‘negócio imperdível’ -Conforme registros de ação judicial, em Boletim de Oocrrência, consta que em novembro de 2020, Olarte procurou o casal vitima, para intermediar uma “oportunidade de negócio imperdível”. Um prédio comercial na Avenida Marechal Deodoro, no Jardim Tijuca, estaria indo a leilão por R$ 350 mil. Para “ajudar” o casal de amigos, o ex-prefeito indicou Diego Aparecido, agora autor da ação, que seria “advogado especializado em transações imobiliários” para ajuda-los a fechar mais rapidamente a compra do imóvel. Então, para intermediar a transação, ele cobrou R$ 60 mil.
O começo do fim para Diego
Conforme o então braço direito do ex-prefeito, os comerciantes deveriam dar R$ 50 mil como sinal, que foi feito com a entrega de R$ 15 mil em dinheiro, mais transferência de R$ 15 mil e dois cheques de R$ 10 mil, que foram descontados em novembro e dezembro de 2020. Além de ajuda-los a comprar o imóvel no leilão, Diego Francisco se prontificou a viabilizar um empréstimo de R$ 1 milhão no Banco Safra. O financiamento teve o aval da gerente, Alessandra Carrilho de Araújo, que se reuniu com o casal no escritório de Diego no Edifício Evolution, um prédio de salas comerciais nos altos da Afonso Pena.
Graças ao empréstimo de R$ 350 mil do banco, o casal acabou repassando o dinheiro para Diego quitar a compra do prédio comercial.
De acordo com o relato, o casal com o passar do tempo, acabou descobrindo que não existia leilão nenhum. Pressionado, Gilmar Olarte ainda tranquilizou o fiel de que tudo estava dando certo. Ele garantiu que todos os atos eram “lícitos e regulares”. No entanto, a venda jamais se concretizou.
Com a denúncia do casal, Diego ainda cobrou mais R$ 100 mil para resolver outros negócios e problemas. Ele até vendeu um caminhão por R$ 27 mil, mas jamais entregou o veículo. Ao ser cobrado pelo casal e diante das ameaças de levar o caso à polícia, Diego passou a depositar cheques de altos valores na conta da empresa dos comerciantes. No entanto, os cheques de R$ 100 mil, em nome de Olarte, de R$ 300 mil e R$ 323 mil, em nomes de outros estranhos, que acabaram devolvidos por falta de fundos.
Prejuízos de R$ 400 mil a 800 mil
Ao delegado Geraldo Marim Barbosa, titular da DedFaz, o casal prestou depoimento e apotaram que do começo do golpe ao suposto fim, eles já estimam prejuízos de R$ 800 mil com a ação do então ‘negócio imperdível’.
O banco tinha prometido dar seis meses de carência. No entanto, já em janeiro do ano passado, a instituição passou a cobrar a parcela de R$ 18 mil pelo financiamento. Até a ação judicial ser protocolada, o Safra já tinha cobrado cinco parcelas.
Em depoimento à polícia, Diego negou que tenha dado golpe no casal. Ele contou que intermediou a compra do imóvel, que estaria custando R$ 200 mil. No entanto, o corretor informou que o prédio estava avaliado em R$ 800 mil e o casal acabou desistindo do negócio porque não tinha o restante do dinheiro.
Sobre o financiamento, ele contou que intermediou para ajudar os empresários porque conhecia a gerente do Banco Safra.
Já a gerente informou que aprovou o financiamento do empréstimo, mas não tinha conhecimento dos golpes. Após tomar conhecimento, ela passou a monitorar os outros empresários que teriam sido encaminhados por Diego Aparecido Francisco.
Olarte e condenações que está cumprindo
Olarte foi preso em maio do ano passado após protelar por quatro anos, o cumprimento da sentença mediante uma série de recursos judiciais. A Seção Especial do Tribunal de Justiça de MS, o condenou no dia 24 de maio de 2017. Ele foi condenado por dar o golpe do cheque em branco em fiéis da Assembleia de Deus Nova Aliança, igreja que ele fundou em Campo Grande.
O ex-prefeito também foi condenado a quatro anos e seis meses por lavagem de dinheiro. Ele investiu R$ 1,3 milhão na compra de um lote e na construção de uma mansão no Residencial Damha. A obra foi suspensa após ele deixar o cargo de prefeito em agosto de 2015.
Com informações do ‘O Jacaré’