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Ricardo Ayache, presidente em três mandatos da Caixa de Assistência dos Servidores Públicos (Cassems) e tido como um dos mais festejados gestores corporativos de Mato Grosso do Sul, provavelmente não repetirá este ano a experiência eleitoral que protagonizou em 2014. Naquela ocasião, disputou uma vaga do Senado e, mesmo não sendo eleito, saiu vitorioso do embate, em segundo lugar, à frente de outros quatro concorrentes e perdendo apenas para a vitoriosa, a emedeista Simone Tebet.

Sua expressiva votação o lançou na galeria seleta das revelações políticas da nova geração. A opinião pública e os meios políticos apostavam que a partir daquele pleito o horizonte de Ayache já estaria aberto para novas incursões no ambiente eleitoral. Desde então, o seu nome passou a ser ventilado em todas as eleições seguintes, como sugestão para os diversos mandatos, de vereador a prefeito ou deputado, ou de senador a governador.

Entretanto, Ayache atravessou outras três eleições (2016, 2018 e 2020) fora da lista de candidatos, embora sabendo que detinha chances reais de ganhar um mandato. Agora, em 2022, com um cenário semelhante, o presidente da Cassems se redescobre também como presidente e maior liderança estadual do PSB. Procura ficar à disposição de chapas majoritárias ou proporcionais, no entanto, sem oferecer segurança aos correligionários do próprio partido quanto ao futuro que terão diante das urnas e do que sobrará depois que os votos forem contados em outubro.

FLUTUAÇÕES 

O PSB de Ayache vem flutuando no espaço de posições ambíguas que ocupa, sobretudo em função da demora da definição sobre o caminho eleitoral que percorrerá. Em nível local, agiganta-se a inclinação de Ayache por uma composição com o PSDB, para apoiar a candidatura de Eduardo Riedel ao governo. A ideia tem prós e contras dentro da legenda e a unidade total já está descartada. A situação é mais tensa e complexa à medida que a conjuntura tira Ayache de qualquer possibilidade eleitoral em composição de chapas majoritárias.

Ayache começou o ano eleitoral demonstrando fôlego e desenvoltura para dialogar com quase todas as pré-candidaturas: Riedel, Marquinhos Trad (PSD), André Puccinelli (MDB), Giselle Marques (PT) e Rose Modesto (União Brasil). Só não sentou-se à mesa de Renan Contar (PRTB). E foi numa dessas conversas que deixou ou fez escapar a versão de que tinha sido convidado por Trad para ser o vice da chapa. Esse fato foi noticiado com encaixes diferentes: Trad dando como favas contadas a escolha do vice e Ayache negando, mas deixando no ar a impressão de que estava se dando bem com tais especulações.

Enquanto descartava seu nome como vice numa chapa com o PSD, Ayache frequentava ambientes políticos de visibilidade diferenciada. Depois de ser anunciado como convidado ilustre no lançamento da candidatura de Trad, com a presença de Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, esteve com lideranças do PSB em plenárias e eventos nacionais, como um congresso interno e o ato que sacramentou o apoio à candidatura presidencial de Lula (PT) e a indicação de Geraldo Alckmin para vice.m Brasília para o ato de filiação do ex-governador de São Paulo, @geraldoalckmin_ , senador @dariobergersenador e o vice-governador do Maranhão, @carlosbrandaoma, ao @psbnacional40. Momento importante de fortalecimento do partido para a sua tarefa principal, que é colaborar com a transformação política, social e econômica do pais! Parabéns ao presidente, @carlossiqueira4040, pela brilhante condução do partido!! @molonrj @marciofrancasp @flaviodino @casagrande_es @marcelofreixo @psb.ms @fjmangabeira“Em Brasília para o ato de filiação do ex-governador de São Paulo, @geraldoalckmin_ , senador @dariobergersenador e o vice-governador do Maranhão, @carlosbrandaoma, ao @psbnacional40. Momento importante de fortalecimento do partido para a sua tarefa principal, que é colaborar com a transformação política, social e econômica do pais! Parabéns ao presidente, @carlossiqueira4040, pela brilhante condução do partido!! @molonrj @marciofrancasp @flaviodino @casagrande_es @marcelofreixo @psb.ms @fjmangabeira”, escreveu Ayache, num post nas redes sociais em 23 de março de 2022.  

E em Mato Grosso do Sul apareceu nas imagens festivas divulgadas pelo PSDB, registrando a filiação do deputado estadual Paulo Duarte, uma adesão apadrinhada por Ayache e pelo presidente estadual dos tucanos, Sérgio de Paula.Paulo Duarte e Ricardo Ayache. Foto: Redes Paulo Duarte e Ricardo Ayache. Foto: Redes 

Não era novidade alguma a alegre participação de Sérgio de Paula naquele ato. Antes mesmo de assinar a ficha, Paulo Duarte já vinha fazendo pré-campanha para Eduardo Riedel, atitude que gerou revolta de filiados e lideranças expressivas do PSB, entre os quais o vereador Carlão Borges, presidente da Câmara Municipal de Campo Grande."Noite de muita alegria para o @psb.ms, que recebe a filiação do deputado estadual, @pauloduartems. A vinda do Paulo fortalece muito a chapa de deputados estaduais do nosso partido. Seja bem-vindo!!!", escreveu Ayache nas redes em 1 de abril de 2022. “Noite de muita alegria para o @psb.ms, que recebe a filiação do deputado estadual, @pauloduartems. A vinda do Paulo fortalece muito a chapa de deputados estaduais do nosso partido. Seja bem-vindo!!!”, escreveu Ayache nas redes em 1 de abril de 2022. 

Há alguns dias, de acordo com a imprensa, Duarte analisava um de seus primeiros encontros no partido sobre a questão das alianças. O site CG News publicou esta declaração do deputado: “Tivemos uma reunião com todos os pré-candidatos, organizada pelo presidente Ricardo Ayache, com os deputados federais e estaduais. Isso ainda vai ser oficializado pela direção do partido, mas consolida a tendência muito clara de o PSB apoiar o Eduardo Riedel”.Sergio de Paula, à esquerda, prestigiando ato de filiação de Paulo Duarte ao PSB. Foto: Redes Sergio de Paula, à esquerda, prestigiando ato de filiação de Paulo Duarte ao PSB. Foto: Redes 

Duarte ainda acrescentou: “O partido não impôs nenhuma condição aos tucanos, como a indicação de Ayache como vice, por exemplo. A decisão final de apoio ao PSDB deverá ser anunciada em breve pela sigla. Não condicionamos absolutamente nada, porque temos o entendimento de que o Riedel é o candidato mais preparado e que realmente significa a novidade desta eleição”. Por sua vez, Carlão Borges, detentor do mandato mais representativo da sigla no Estado, contra-atacou, frisando que se licenciará do PSB se o diretório regional optar pelo candidato do PSDB, e avisando que não muda de time, que é leal e não aceita traição.

FIDELIDADE E UNIÃOAyache discursa em congresso do PSB em MS. Foto: Reprodução Ayache discursa em congresso do PSB em MS. Foto: Reprodução 

Porém, o problema maior a ser solucionado por Ayache, em sua condição de dirigente máximo em Mato Grosso do Sul, é responder aos apelos que vêm sendo intensificados por seus dirigentes para promover e fortalecer a chapa Lula-Alckmin. Em Mato Grosso do Sul, Ayache subindo no palanque de Eduardo Riedel estará ajudando a vitaminar a candidatura do presidente Jair Bolsonaro (PL) à reeleição. Vai na contramão da estratégia e da resolução nacional do PSB, agora também partido de Alckmin.

Apurou-se que o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, reforça esta pregação e pode acionar política e estatutariamente os diretórios estaduais que ainda resistem à aliança, se necessário, para que não haja fissuras na aliança com o PT. Em dezembro do ano passado, 18 presidentes de diretórios estaduais – Ayache, entre eles – manifestaram-se favoravelmente à formação de uma federação com o PT. Votaram contra Espírito SantoRio Grande do SulDistrito FederalMato Grosso e Tocantins.

Siqueira explica porque o PSB precisa estar unido com Lula e Alckmim. “O atual presidente da República é inimigo declarado da democracia. A chapa Lula-Alckmin é a única capaz de unir forças políticas, sociais e econômicas em torno da construção de um programa comum para o restabelecimento da estabilidade institucional e a retirada do país da crise. A união de Lula e Alckmin simboliza a coesão necessária para enfrentar esse momento. Essa unidade de Lula e Alckmin gera um simbolismo muito grande. Quando o país está em guerra, é preciso coesionar todas as forças políticas e sociais. Nós estamos numa guerra, porque Bolsonaro é contra a democracia”, esclareceu.  Tags:André PuccinelliCassemsEduardo RiedeleleiçõesMATO GROSSO DO SULPaulo DuartePSBRicardo AyacheRose ModestoSimone Tebet