De um lado, a vocação religiosa. De outro, o desejo de se entregar a um grande amor. A vida de um padre não é fácil… O assunto não é novo, mas com o fim de “Amor Perfeito” tendo como um dos destaques o casamento de Darlene (Carol Castro) e João (Allan Souza Lima), voltou a ser lembrado nos últimos dias.
Na trama das 18h, o ex-frei larga a batina em nome do amor assim como tantos outros religiosos já fizeram na ficção e fora dela.
Aliás, entre as paredes do Vaticano, com cerca de mil “deserções” por ano para o casamento, volta e meia se ventila a ideia de a Igreja Católica rever a ordenação de homens casados.
As novelas que já abordaram esse dilema de religiosos mostram um aponta mínima do iceberg que tem causado cada vez mais a diminuição do número de sacerdotes em todo o mundo. Estudos mostram que há crescimento apenas na África e na Ásia.
Mas vamos falar da ficção…
Padre Pedro e Estela, de “Mulheres Apaixonadas”
O casal talvez seja o “mais fresco’ na memória coletiva quando o assunto é romance proibido entre um padre e uma mulher. O religioso vivido por Nicola Siri se negava a desobedecer seus votos de castidade. No entanto, Estela (Lavínia Vlasak) não desistiu de seu grande amor e, no final, ganhou o coração do sacerdote, que largou a batina pra ficar com ela
Padre Inácio e Nina, em “Amor e Revolução” (2011)
Deu muito o que falar a cena de beijo e sexo na sacristia da igreja entre padre Inácio (Pedro Lemos) e Nina (Pathy Dejesus), na trama exibida pelo SBT, em 2011. O padre se apaixonou pela atriz de teatro que se envolveu com o movimento guerrilheiro e refugiou-se em sua paróquia após ser perseguida.
Autor da novela, Tiago Santiago disse na época que a interpretação sugeria nada além de uma cena de amor. “O que acontece entre os personagens é uma cena amor e não uma cena sexo, não é algo vulgar. São insinuações, com muito romance e paixão”.
Frei Mathus, de “Hilda Furacão” (1998)
A brasileira Hilda Maia Valentim, que morreu aos 83 anos em dezembro de 2014, em Buenos Aires, teria inspirado o romance “Hilda Furacão”, de Roberto Drummond, lançado em 1991, transformado em minissérie em 1998, por Glória Perez.
Hilda, na ficção vivida por Ana Paula Arósio, era uma moça de classe alta que se tornou prostituta na zona de baixo meretrício de Belo Horizonte. Com o decorrer da trama, já sob a alcunha de Hilda Furacão, ela se apaixona por Frei Malthus, personagem de Rodrigo Santoro. Contudo, não se sabe ao certo se o frei da ficção realmente existiu. Há quem diga que ele era o Frei Betto, mas ele negou.
Tenório e Olívia, em “Além da Ilusão”
Olívia (Debora Ozório) e Tenório (Jayme Matarazzo) chegaram ao fim da trama casados depois de ele ter sido liberado pelo Vaticano. “Impossível não ser feliz ao lado do homem e da família que eu amo. Obrigada, mãe!”, festejou a moça, que comeu o pão que o demo amassou até conseguir ser feliz com o ex-religioso.
Padre Miguel e Laura, em “Desejo Proibido” (2005)
Apaixonados desde o início de “Desejo Proibido”, os dois demoram a engatar o romance. Até que têm a primeira noite de amor. O padre interpretado por Murilo Rosa surpreende a moça com um beijo daqueles na amada quando os dois estão sozinhos e os desejos da carne falam mais alto. O religioso leva a amada, papel de Fernanda Vasconcellos, pro quarto e ela se declara.
“Eu quero você, Miguel. E não quero esperar mais nada. Eu quero me fazer mulher nos seus braços”, diz ela.
Inexperiente, o padre fica nervoso e a morena faz de tudo pra que ele se sinta seguro.
Padre Francisco e Melissa, de “Morde e Assopra” (2011)
Na trama de Walcyr Carrasco, Melissa (Marisol Ribeiro) e Padre Francisco (Erom Cordeiro) também não conseguiram resistir. Licenciado das funções religiosas, ele passa a ter uma “vida normal”, se considerando pronto para namorar.
“Eu arrumei um emprego no banco”, avisa Francisco, que a convida para um almoço.
Ele diz que está muito perto de ter a vida de um homem comum e que só falta ter uma namorada. Melissa fica feliz com o pedido feito por Francisco e decide dar uma chance, já que estava separada de Wilson (Max Fercondini).
Na época da novela, Marisol Ribeiro afirmou que faria o mesmo que sua personagem: “Quando uma coisa assim acontece e é amor de verdade, não tem como bloquear. Se você faz isso, acaba virando dor. Eu viveria um amor assim, por que não?”, disse, rindo.
O que o Papa Francisco fala sobre esse assunto?
Indagado em várias ocasiões, o papa Francisco recordou que a proibição de ordenar padres não faz parte da doutrina inicial da Igreja, que permitiu o casamento até o século 11.
O primeiro papa, Pedro, apóstolo de Jesus, era casado. Além disso, ritos católicos orientais e ortodoxos já admitem a ordenação de sacerdotes casados.
Segundo o vaticanista italiano Enzo Romeo, autor de um livro sobre o tema, são mil abandonos por ano – e vale considerar que a Itália só tem 8 mil sacerdotes.
E você, o que pensa sobre o assunto? Considera justa toda forma de amor? Conta pra gente!