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A pesquisa sobre onças-pintadas e pardas em andamento na maior Reserva Particular do Patrimônio Natural do Brasil, a RPPN Sesc Pantanal, localizada em Barão de Melgaço (MT), avança para uma nova etapa: a captura de animais para estudo do comportamento no ambiente, das presas e o mosaico de paisagens onde estão inseridas. Em parceria com o Museu Nacional e participação de pesquisadores do Grupo de Estudo em Vida Silvestre (GEVS), serão implantados seis colares de monitoramento por GPS. 

A presença da onça-pintada – maior felino das Américas que ocupa o topo da cadeia alimentar – quando ocorre em uma área por longo prazo é uma indicação de boa qualidade ambiental. Significa que há condições favoráveis para sua alimentação, reprodução e relações com as diversas espécies que compõem a cadeia, e, além disso, que as florestas e outras formações estão protegidas e possibilitam a sobrevivência de inúmeras formas de vida. 

O estudo de grandes predadores é como um “guarda-chuva”, que contempla todo o ecossistema, explica o pesquisador do Museu Nacional e coordenador do GEVS, Luiz Flamarion. “O foco da pesquisa são as onças-pintadas e pardas e a realidade em que estão inseridas. A partir delas, portanto, também temos informações de diversas espécies e paisagens. Com as câmeras instaladas foi possível constatar que a população de onças é razoável na RPPN e a condição física é notável, o que é uma evidência da saúde da região”, destaca. 

Com o incêndio de 2020, Flamarion conta que a problemática foi inclusa no contexto do estudo, levando em consideração a variação da disponibilidade de presas e o mosaico de paisagem. “O impacto do fogo afetou os recursos naturais e estamos começando um processo de amostragem com armadilhas fotográficas e telemetria baseada em satélite, para entender a movimentação das onças nesta realidade após o fogo”, declara.  

A bióloga integrante do GEVS, Gabriela Schuck, conta que as informações dos guarda-parques e as armadilhas fotográficas são importantes nesta etapa do projeto para identificar e registrar os pontos de ocorrência das onças-pintadas.  

“Com os dados de monitoramento feitos pelas câmeras, podemos identificar a quantidade de onças, o melhor local para capturá-las e colocar os colares. Com eles, iremos explorar o movimento dos indivíduos de maneira mais detalhada, verificando o comportamento, como são as tomadas de decisões no uso do espaço, a permanência nos locais e o motivo da movimentação feita com mais frequência, por exemplo. Isso pode estar relacionado a presença de presas, de outras onças-pintadas e onças-pardas e a característica da paisagem”, ressalta. 

A pesquisa com uso de colar em animais já ocorreu na RPPN. Em 2001, quatro lobos-guará e seis onças-pardas receberam o equipamento. Assim como a onça-pintada, ambos estão na lista de animais ameaçados de extinção. De acordo com superintendente do Polo Socioambiental Sesc Pantanal, Christiane Caetano, a pesquisa é de grande relevância para a produção de conhecimento no bioma. “A RPPN Sesc Pantanal, enquanto unidade de conservação, é como um laboratório, onde é possível avaliar os benefícios gerados quando uma área natural é bem cuidada e, a partir disso, percorrer melhores caminhos para mantermos este patrimônio que é de toda a humanidade”, destaca. 

Fonte: Assessoria SESC Pantanal

Foto: Registro de onça-pintada com câmera trap na RPPN Sesc Pantanal