Obras no último trecho da Rota Bioceânica avançam no Paraguai

As obras de pavimentação do último trecho da Rota Bioceânica no Paraguai, fundamental para integrar economicamente a América do Sul, estão em estágio avançado. O segmento de 224 quilômetros da Rota PY15, que conecta as cidades de Mariscal Estigarribia e Pozo Hondo, na fronteira com a Argentina, começou a receber imprimante asfáltico. Essa etapa marca um avanço significativo na estruturação do Corredor Bioceânico, conhecido como Rota da Integração Latino-Americana (RILA), que ligará o Atlântico, no Brasil, ao Pacífico, no Chile, promovendo maior competitividade logística e integração regional.

Conforme o Ministério de Obras Públicas y Comunicaciones (MOPC) do Paraguai, a pavimentação desse trecho foi dividida em quatro lotes, cada um variando de 52 a 59 quilômetros. Essa estratégia busca otimizar o ritmo de execução por meio de contratos com diferentes consórcios. Dos 224 quilômetros em construção, 220 são dedicados ao corredor principal, enquanto os 4 quilômetros restantes contemplam acessos, travessias urbanas e melhorias viárias complementares.

Além do asfaltamento, as cidades de Mariscal Estigarribia e Pozo Hondo receberão melhorias significativas, como a construção de rotatórias, acessos a aeroportos, instalações de pedágio e centros de controle na fronteira. O investimento no trecho é de US$ 354,2 milhões, financiado pelo Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata).

Integração regional e impacto logístico

A pavimentação no Chaco Paraguaio, uma das regiões mais inóspitas da América do Sul, representa mais do que um avanço técnico. É uma resposta à demanda histórica por maior integração econômica no continente, oferecendo aos países do Mercosul uma via terrestre eficiente para o transporte de mercadorias e passageiros. A Rota Bioceânica reduzirá distâncias e custos logísticos, facilitando o acesso aos mercados asiáticos por meio dos portos chilenos de Iquique, Antofagasta e Mejillones.

Segundo estudos da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), o corredor pode encurtar em até 9,7 mil quilômetros a rota marítima para exportações brasileiras à Ásia. Para destinos como a China, isso significa uma redução de 23% no tempo de transporte, ou cerca de 12 dias a menos. Esse ganho logístico impulsionará as exportações brasileiras de produtos como grãos, carnes e minérios, fortalecendo o agronegócio e a indústria nacional.

O papel de Mato Grosso do Sul e a Ponte da Bioceânica

O Mato Grosso do Sul ocupa uma posição estratégica nesse projeto. Em Carmelo Peralta, no Paraguai, está sendo construída a Ponte da Bioceânica, que ligará o país ao Brasil através de Porto Murtinho. Com um investimento de R$ 575,5 milhões pela administração paraguaia da Itaipu, a ponte terá 1.294 metros de extensão, incluindo um vão central estaiado de 350 metros sobre o rio Paraguai. A obra incorpora inovações como faixas exclusivas para pedestres e ciclistas, simbolizando um marco de acessibilidade e segurança.

No lado brasileiro, as obras de acesso à ponte também estão avançadas. O governo federal destinou R$ 427 milhões para a construção de uma alça de 13,1 quilômetros que ligará a BR-267 à ponte, além do contorno rodoviário em Porto Murtinho e um centro aduaneiro para controle fronteiriço.

O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, reforçou a relevância do projeto: “Estamos diante de uma obra que transcende o asfalto. É um projeto de transformação econômica, social e cultural, conectando não só mercados, mas também pessoas. Mato Grosso do Sul será protagonista nesse novo cenário de integração regional, fortalecendo nossa posição estratégica e gerando novas oportunidades para nossos produtores e para toda a população.”

Chaco Paraguaio: desafios e avanços

A pavimentação no Chaco Paraguaio representa um desafio técnico e logístico sem precedentes. A região, caracterizada por altas temperaturas e solos arenosos, exige soluções de engenharia inovadoras para garantir a durabilidade da rodovia. Além disso, o isolamento histórico do local dificultou o desenvolvimento econômico, um cenário que começa a mudar com a infraestrutura da Rota Bioceânica.

O primeiro trecho da rota no Paraguai, de Carmelo Peralta a Loma Plata, já foi concluído. Com 277 quilômetros de extensão e um investimento de US$ 443 milhões, esse segmento servirá como exemplo para a execução dos demais. O segundo trecho, de Cruce Centinela a Mariscal Estigarribia, será pavimentado após a finalização do trecho atual, utilizando a PY09 como alternativa temporária.

Perspectivas para a integração

A Rota Bioceânica não é apenas uma obra de infraestrutura, mas um símbolo de cooperação internacional. Ao conectar Brasil, Paraguai, Argentina e Chile, o projeto reforça os laços políticos e econômicos entre os países. Além disso, há expectativa de que a rota impulsione o turismo, facilitando o acesso a destinos como o Pantanal, a Amazônia e as montanhas andinas.

Com previsão de conclusão total em 2026, o corredor se tornará um marco na integração sul-americana, oferecendo um novo eixo de desenvolvimento econômico e social. Para os países envolvidos, trata-se de uma oportunidade histórica de reposicionar a América do Sul como uma região de relevância global no comércio e na logística internacional.