O mercado da soja teve uma semana importante para preços e negócios, tanto para seus futuros negociados na Bolsa de Chicago, quanto no Brasil. As cotações ainda tiveram um combustível extra na CBOT vindo dos novos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgados em seu reporte mensal de oferta e demanda nesta sexta-feira (8). Com isso, os preços subiram de 28,75 a 43,50 pontos, levando o maio a US$ 16,89 e o julho a US$ 16,68 por bushel. Na semana, os ganhos acumulados passaram de 6%.
Durante os últimos dias, o mercado veio se ajustando à espera da atualização dos dados e a redução nos estoques finais norte-americanos e globais da oleaginosa, confirmada neste relatório de abril, combinada com um aumento das exportações norte-americanas e uma safra mundial corrigida para baixo deram espaço para os ganhos mais expressivos neste pregão.
Veja os números completos e, na sequência, os comentários de João Batista Olivi no programa Tempo & Dinheiro:
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Assim, para o consultor de mercado Aaron Edwards, da Roach Ag Marketing, com esse novo boletim o mercado se acomda em um novo patamar e já encontra potencial e força para buscar e romper os US$ 17,00 por bushel.
Além da conclusão da safra 2021/22, os olhos do mercado também começam a se voltar para o início da temporada 2022/23 nos EUA, com projeções que carregam a possibilidade de uma área recorde. De outro lado, os analistas reforçam que a pressão sobre esta nova safra é muito grande já que as relações de estoque x consumo no país são as menores em quase 40 anos, o que se alia a uma perda na temporada atual de 40 milhões de toneladas na América do Sul.
“Nesse começo de abril o clima não está favorecendo o plantio nos EUA, prêmio no Brasil está forte, soja que tem não vai ter mais e eu acho que pelos próximos a tendência vai seguir favorável para os preços em Chicago. Talvez, no Brasil, haja uma dificuldade de subir até que não venda toda a soja que tem que vender antes da chegada do milho safrinha, mas passando esse ponto, continuo otimista em relação a preços tanto em Chicago, quanto no mercado doméstico brasileiro”, diz Edwards.
E com tantas incertezas pela frente, incluindo as promovidas pela guerra na Ucrânia, a escassez de produto pode se agaravar nos próximos meses, estimular os compradores a garantirem bons volumes de produto, também dando um suporte importante para as cotações. No entanto, o consultor afirma também que os atuais patamares de preços a demanda, naturalmente, se mostra mais reticente.
Veja a íntegra de sua entrevista ao Notícias Agrícolas nesta sexta-feira:
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MERCADO BRASILEIRO
Todo esse movimento positivo na Bolsa de Chicago foi refletido pelo mercado brasileiro e os preços da soja apresentaram uma considerável recuperação. De acordo com o diretor da Pátria Agronegócios, Matheus Pereira, das mínimas que foram marcadas nos últimos dias, em especial na última semana, as referências já recuperou cerca de R$ 7,00 por saca nas principais praças de comercialização na soja disponível.
Na segunda-feira (4), em sua entrevista durante o Bom Dia Agronegócio, Pereira já afirmava que as baixas eram, de fato, temporárias, consequência do dólar mais baixo e ainda muito volátil, e que encontravam espaço para serem retomadas, baseadas nos fundamentos e em um espaço que a moeda americana ainda tem para voltar e subir, como aconteceu durante a semana.
“Vemos que devemos ter, novamente, uma valorização do dólar frente ao real nos próximos quatro, cinco meses, próximo às eleições, podendo jogar as cotações da soja a níveis mais elevados do que são registrados hoje, juntamente com as preocupações na América do Norte com a nova safra”, disse o diretor da Pátria.
E assim, a semana foi marcada por um volume melhor e maior de negócios, com os produtores voltando a participar do mercado, também na tentativa de se proteger de mais volatilidade e de proteger sua rentabilidade.
E apesar da baixa marcada nesta sexta-feira, na semana o dólar subiu e registrou sua maior alta semanal desde janeiro. A moeda americana terminou esta sessão com alta de R$ 4,71, subindo 0,96% na semana.
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Somente nesta sexta, algumas praças chegaram a fechar o dia com alta de até 4%, como foi o caso de Campo Novo do Parecis e Tangará da Serra, ambas em Mato Grosso.
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Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas